A descoberta de uma botnet composta por TV boxes ilegais levou a Anatel a emitir um alerta sério. O conselheiro Artur Coimbra aconselhou os consumidores a se desfazerem dos equipamentos infectados. Em uma entrevista exclusiva ao Tecnoblog, Coimbra destacou a necessidade de “descartar” esses dispositivos devido aos riscos de segurança associados.
O posicionamento da agência surgiu após uma denúncia de um centro de pesquisas chinês, que identificou mais de 1,3 milhão de endereços IP localizados no Brasil sendo utilizados por uma botnet. Os dispositivos zumbis estavam contaminados por vírus e outros malwares, possibilitando sua ativação remota para realizar várias tarefas.
Especialistas chineses apontaram que a maioria das TV boxes e IPs identificados é brasileira, com São Paulo liderando em número de aparelhos infectados, seguido pelo Rio de Janeiro. Outros estados mencionados foram Amazonas, Tocantins, Paraíba, Alagoas, Sergipe, Paraná e Santa Catarina.
Coimbra revelou que a Anatel já tinha conhecimento de atividades suspeitas na internet brasileira desde agosto de 2023 e destacou que os provedores de acesso tomaram medidas para conter a ameaça.
Sem Certificação “O consumidor muitas vezes não percebe os problemas ao adquirir uma TV box irregular. Pode achar que é legal por ter pago um alto valor pela caixa. No entanto, se não é certificada pela Anatel e permite o acesso a conteúdo pirateado, é preciso descartá-la.”
Artur Coimbra – Conselheiro da Anatel
Coimbra também sugeriu que os usuários verifiquem a presença do selo da agência antes de adquirir uma nova TV box, destacando a existência de opções em conformidade com a legislação brasileira. No entanto, as TV boxes ilegais tornaram-se populares por desbloquear o acesso a plataformas de streaming e canais de TV por assinatura.
Sistema Android TV O conselheiro alertou que as TV boxes com sistema Android TV (ou até mesmo Android em alguns casos) podem executar um sistema desenvolvido pelo Google, mas carecem de mecanismos básicos de proteção. Geralmente, não recebem as atualizações de segurança mais recentes, tornando-as vulneráveis.
De acordo com um levantamento de 2022 do laboratório antipirataria da Anatel, unidades de TV box irregulares foram encontradas com cavalos de Troia e backdoors embarcados. Isso permite que invasores controlem os dispositivos remotamente e acessem outros aparelhos na rede doméstica do consumidor.
Coimbra destacou que as TV boxes irregulares não possuem o mesmo nível de criptografia em sua comunicação com a internet, sugerindo a possibilidade teórica de interceptação e leitura dos dados transmitidos.